Escolaridade é o fator que mais influenciou positivamente o salário da mulher no Agro
Cepea, 07/03/2019 – Escolaridade foi o
principal atributo a influenciar positivamente os rendimentos das
mulheres que atuam no agronegócio. Este é um dos resultados apontados no
terceiro e último volume do estudo “Mulheres no Agronegócio”, elaborado
pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da
Esalq/USP (confira aquias
duas primeiras edições). De acordo com a pesquisa do Cepea, o aumento
do nível de escolaridade das mulheres ocupadas no setor de 2004 a 2015
respondeu por cerca de 22% do aumento real observado nos rendimentos
médios nesse mesmo período, que foi de 57%.
Apesar desse avanço, nota-se que o
rendimento médio das mulheres que atuam no agronegócio ainda esteve por
volta de 27% inferior ao de homens ocupados no mesmo setor, também
quando considerado de 2004 a 2015. Já a diferença entre os rendimentos
da força feminina que trabalha no agronegócio e da que está ocupada fora
deste setor esteve em torno de 36-37%, com vantagem para as que atuam
nos demais segmentos da economia. No período analisado, esses
diferenciais mantiveram certa estabilidade.
Quais fatores que influenciaram os diferenciais nos rendimentos?
Entre as mulheres ocupadas no agronegócio,
a diferença no rendimento médio está relacionada principalmente, à
escolaridade, à idade e à região de atuação. No caso do primeiro item, o
estudo identificou que, em 2014/15, o rendimento médio de mulheres
ocupadas no agro e com 13 anos ou mais de estudo era 154,8% superior
àquele recebido por mulheres sem instrução. No caso do fator regional,
verifica-se que trabalhadoras do Sul do País obtiveram maior remuneração
média mensal do que ocupadas em outras localidades, sobretudo no biênio
2014/15. Neste ponto, pesquisadores do Cepea indicam que há evidências
de que este comportamento pode estar relacionado aos fatores históricos
que balizaram a organização agrícola de forma diferente nos vários
estados.
Ao comparar os rendimentos médios observados entre homens e mulheres empregados no agronegócio,
a pesquisa mostrou uma diferença, em termos absolutos, de R$ 149,04 em
favor da mão de obra masculina em 2004/05 (ou de 27,39%) e de R$ 227,25
em 2014/15 (ou de 26,84%). Isso indica que, apesar de a mão de obra
feminina apresentar, em média, atributos que justificariam a existência
de um rendimento médio superior àqueles pagos aos homens do setor (tais
como instrução, classificações na ocupação e regiões de domicílio), esta
acaba por receber um salário inferior. Estes resultados trazem
evidências da existência de uma prática adotada pelo mercado de trabalho
em precificar atributos observáveis de maneira diferente, em virtude de
o trabalhador ser do sexo masculino ou feminino, em favor do primeiro
grupo.
Já quanto à diferença apresentada entre as mulheres no agro versus mulheres em outros setores,
se deve principalmente ao fato de a força feminina que atua no
agronegócio apresentar, em média, menor grau de instrução e também por
ocupar atividades que pagam salários relativamente mais baixos. Além
disso, muitas mulheres que atuam no agronegócio estão em regiões em que a
média salarial é mais baixa (frente à de trabalhadoras de outros
setores).
VOLUMES 1 E 2 – Nos
volumes 1 e 2 do estudo, o Cepea reuniu dados recentes e evidências
empíricas que demonstraram uma evolução positiva da participação da
mulher na população ocupada no agronegócio (frente ao total de ocupados
no setor), fato que esteve atrelado, principalmente, ao crescimento dos
empregos de maior qualificação e para mulheres acima de 30 anos –
indicando a ampliação de oportunidades e surgimento de melhores postos
para trabalhadoras do agro. Por outro lado, verificou-se que os grupos
que foram mais desfavorecidos no crescimento da ocupação feminina no
setor foram aqueles formados por mulheres de baixa instrução, perfil
tipicamente mais vulnerável e com maior dificuldade de realocação no
mercado de trabalho.
E as mudanças recentes do mercado de
trabalho do agronegócio, com destaque para as transformações no papel da
mulher no setor, têm se refletido na produtividade do trabalho e nos
salários ou rendimentos médios, como demonstrado no volume 3 do estudo.
FONTE: CEPEA
Autor
Roberta Camargo Zorzetto
Administrador