Estudo mostra que consumidor não sabe sobre origem dos alimentos
World Animal Protection lança estudo inédito com a percepção do consumidor latino-americano sobre bem-estar animal.
A World Animal Protection lançou hoje o relatório “Consumo às cegas:
percepção do consumidor sobre bem-estar animal na América Latina”. O
relatório, confeccionado a partir de pesquisa encomendada à Ipsos,
contextualiza a produção e o consumo de proteína animal no Brasil,
analisa os principais resultados de uma pesquisa nos quatro países
latino-americanos consultados (Brasil, Chile, Colômbia e México) e
compila uma série de recomendações e de ações que podem ser tomadas com
finalidade de conscientização. De forma geral, aponta-se que o
consumidor latino-americano pouco sabe sobre a origem do que consome.
Dois em cada três brasileiros declaram desconhecer a forma como se cria
os animais cuja carne é por eles consumida (66% dos respondentes). Esse
índice é semelhante nos demais países latino-americanos consultados,
variando de 57% dos entrevistados no México, 64% com a mesma resposta no
Chile e 66% dos respondentes na Colômbia.
O atributo “produção com bem-estar animal” figura em 6ª posição nos
quesitos de exigência dos consumidores entrevistados no Brasil, Chile e
no México e sobe para 5º lugar na Colômbia. Isso significa que nesses
três países, com exceção da Colômbia, a “marca” é mais importante do que
a “produção com bem-estar animal” (ainda que algumas marcas possam
estar relacionadas à ideia de bem-estar animal). Um dos dados mais
relevantes encontrados está relacionado aos produtos com selo de
bem-estar animal e intenção de compra: um 82% dos brasileiros compraria
esses produtos se existissem no mercado. E um 72% compraria apenas esses
produtos, sempre que o preço fosse o mesmo que os produtos sem a
certificação. Nove entre cada dez brasileiros acreditam que um sistema
de bem-estar produz uma carne de melhor qualidade; e jovens de 18 a 29
anos, no geral, têm maior preocupação com os métodos de abate.
Dos dados coletados, conclui-se que o consumo de proteína animal é alto
no Brasil: 68% dos entrevistados consomem carne quatro vezes ao longo
da semana. A carne bovina é a favorita, mas frango e ovos são os mais
consumidos (possivelmente por conta da acessibilidade ao produto).
Quando questionados sobre a importância do bem-estar dos animais de
fazenda, apenas 3% respondeu que não era nada importante. Mas, ao mesmo
tempo, esses mesmos consumidores sabem muito pouco sobre os métodos de
criação dos animais, muitas vezes com uma visão bucólica da situação na
década de 50, assim como sobre o bem-estar e como este se aplica aos
animais de fazenda. Os resultados do Brasil elucidam vários aspectos
relacionados ao hábito de compra e visão sobre o bem-estar dos animais
de fazenda. Fica evidente que, na visão dos brasileiros, o bem-estar dos
animais está intimamente relacionado à qualidade do produto. Para eles
também o fator mais importante no momento da compra é qualidade, seguido
por preço e aparência da carne.
Quando questionadas sobre o valor agregado ao produto oriundo de
animais com um bom bem-estar, os entrevistados dizem acreditar que esses
seriam mais caros simplesmente por serem mais éticos do que os outros.
Sabemos hoje que isso não necessariamente é verdade: é possível produzir
com bem-estar sem aumentar o custo de produção. O Brasil evoluiu
significativamente nos últimos anos no campo de bem-estar dos animais de
fazenda, principalmente no que tange os manejos pré-abate e abate, após
a elaboração da chamada Instrução Normativa Nº3, de 2000, que contempla
os aspectos relacionados ao bem-estar no abate dos animais. Há, no
entanto, um caminho longo a percorrer quanto a legislações aplicáveis a
campo e transporte. “Um elo importante desta cadeia é o consumidor, que
ainda não descobriu a força que possui para mover o sistema de
produção. Faltam educação e conscientização sobre a produção ética e
sustentável e sobre a acessibilidade deste tipo de produto”, afirma José
Ciocca, Gerente de Campanhas da World Animal Protection do Brasil. O
estudo foi realizado pelo instituto de pesquisa Ipsos, a pedido da World
Animal Protection. Foi elaborado a partir de pesquisas realizadas no
Brasil com 2500 consumidores por meio de questionários eletrônicos
fechados (entre 22 de fevereiro e 2 de março de 2016) e entrevistas
pessoais (de 2 a 14 de abril de 2016). No Chile, Colômbia e México, a
pesquisa foi eletrônica com 500 pessoas de todas as regiões. Os
entrevistados são pessoas responsáveis por pelo menos a metade das
compras de sua casa.
Sobre a World Animal Protection (Proteção Animal Mundial)
- A World Animal Protection é uma organização não-governamental e sem
fins lucrativos que move o mundo para proteger os animais. Estamos
presentes em mais de cinquenta países. Com escritórios espalhados pelo
mundo, trabalhamos com parceiros locais, organizações de bem-estar
animal, empresas e governos. Ajudamos as pessoas a encontrar maneiras
práticas para evitar o sofrimento dos animais em escala global. Nossas
principais áreas de atuação são bem-estar dos animais de produção,
animais em comunidades, animais silvestres e animais em situações de
desastres. Trabalhamos com os governos e mantemos relações formais com
organizações internacionais, como a FAO, o Programa Ambiental das Nações
Unidas, o Conselho Europeu e a Organização Mundial de Saúde Animal
(OIE). Buscamos mudar as políticas públicas nacionais e internacionais
para melhorar as vidas de milhões de animais porque acreditamos que a
proteção animal é uma parte essencial de um futuro sustentável.
FONTE: BEEFWORLD