Criação coletiva de matrizes suínas cresce no Brasil
Mapa, Embrapa e criadores discutem próximas etapas do protocolo de boas práticas na suinoculura.
O sistema de gestação coletiva de matrizes suínas vai ser
analisado nesta quarta-feira (26), durante o seminário técnico da Avesui
2017, feira da indústria latino-americana de aves e suínos, em
Florianópolis (SC). Serão avaliados os cenários nacional e internacional
para essa prática. A criação coletiva de matrizes suínas, bastante
utilizada na Europa e Canadá, está em expansão no Brasil.
Também serão discutidos os desafios do manejo reprodutivo e
nutricional nesse tipo de criação em grupo para as matrizes.
Representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(Mapa) e da Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS) e
Embrapa farão um balanço dos resultados que firmaram no Protocolo de
Intenções, em 2015. O foco era em ações conjuntas de capacitação para
promover o bem-estar animal e as boas práticas de produção, entre elas a
gestação coletiva.
Para o diretor da Secretaria de Mobilidade Social do Produtor Rural e
Cooperativismo, Pedro Correa Neto, “ implantar as boas práticas e
sistemas que visem a sustentabilidade e redução dos impactos ambientais
(tratamento de dejetos), é fundamental”. Nos últimos três anos a
pesquisa, os treinamentos e as linhas de crédito nortearam a cooperação
entre governo e setor produtivo. Foram treinados, por meio do Protocolo
MAPA e ABCS, 4.111 produtores e técnicos das agroindústrias, em 11
estados.
O projeto Diálogos Setoriais com a União Europeia, que envolve 30
diferentes ações de bem-estar animal, estimulou o projeto de boas
práticas de produção e de sustentabilidade. Segundo o diretor executivo
da ABCS, Nilo de Sá, a suinocultura tem recebido positivamente as
práticas de bem-estar animal e de sustentabilidade, principalmente em
novos projetos. De acordo com o diretor, “o trabalho integrado do MAPA
com a ABCS no setor e por meio do protocolo de intenções firmado, tem
dado excelentes resultados”.
Para saber mais sobre o protocolo, acesse aqui.
Pioneiro
A Granja Miunça, pioneira no Brasil na utilização do sistema de
gestação coletiva de matrizes suínas (desde 2010), pretende estendê-lo,
até o fim de setembro, a toda a propriedade. O proprietário, Rubens
Valentini, possui plantel de 2.500 animais criados no sistema
convencional (gaiolas) e tem 1.500 matrizes na gestação coletiva. Em
cinco meses, todas as fêmeas deverão ser alojadas no sistema coletivo.
Localizada em Brasília, no Núcleo Rural PAD-DF, a propriedade ocupa 290
hectares, com 110 hectares em área de preservação natural, com lotação
de 4 mil suínos.
As gaiolas ainda são muito usadas no Brasil,
apesar da restrição de espaço para locomoção, da privação da vida em
grupo, de mudanças de comportamento dos animais e de feridas causadas
pelo fato de a fêmea ficar muito tempo deitada (decúbito/lateral), entre
outros problemas. O pouco espaço que as matrizes possuem em gaiolas não
possibilita que se locomovam, somente podendo deitar e levantar, comer e
beber água.
Na gestação coletiva, as fêmeas ficam reunidas em
pequenos grupos, com bom espaço para circulação, soltas no galpão de
alojamento. A alimentação pode ser automatizada, com a ração sendo
oferecida conforme a necessidade do animal, dentro de sistema
informatizado. Além da economia na alimentação, evitando desperdícios,
também existem efeitos benéficos para o organismo da fêmea suína. A taxa
de parição também é alta: superior a 90%, derrubando o mito que a
gestação coletiva pode causar aborto, pela crença de efeitos negativos
da movimentação dos animais e de brigas entre as fêmeas.